A jornada do consumidor mudou mais nos últimos cinco anos do que em toda a década anterior.
Impulsionado pela explosão de tecnologias digitais, pelo crescimento da inteligência artificial generativa e por plataformas de mídia social cada vez mais interativas, o comportamento de compra tornou-se fluido, fragmentado e repleto de microdecisões.
Nesse cenário hipercompetitivo, compreender os comportamentos 4S deixa de ser apenas uma vantagem competitiva e torna-se indispensável para qualquer estratégia de marketing moderna.
Enquanto o funil tradicional via a jornada como um caminho linear (atração → consideração → conversão), o consumidor atual transita por interfaces, formatos e estímulos em looping contínuo, orientado por personalização, conveniência e descoberta casual.
Para acompanhar essa complexidade, surgem os comportamentos 4S: Streaming, Scrolling, Search e Shopping, um framework que descreve como o público se relaciona com conteúdo, marcas e produtos dentro das plataformas digitais contemporâneas.
Ao analisar esses novos padrões, conseguimos entender onde a atenção se dispersa, como se constrói interesse e, principalmente, em quais momentos ocorrem conversões , mesmo sem intenção explícita.
Isso revela por que os comportamentos 4S estão redefinindo a lógica do marketing digital e exigindo das empresas uma adaptação imediata e profunda.
O que são os comportamentos 4S?
Os comportamentos 4S representam quatro macroformas de interação que definem a jornada digital contemporânea. O primeiro deles, Streaming, traduz a construção de vínculo emocional por meio do consumo contínuo de conteúdo personalizado, em formatos que favorecem retenção e recorrência.
Em seguida, o Scrolling caracteriza a descoberta acelerada dentro de fluxos infinitos, que estimulam o reconhecimento instantâneo de marca e despertam desejo de forma quase acidental.
O Search, por sua vez, corresponde ao conjunto de interações que envolvem intenção explícita: o consumidor que busca comparar, validar e refinar decisões.
E, por fim, o Shopping descreve a decisão de compra distribuída, socializada e influenciada por múltiplos pontos de contato.
Segundo análise do Boston Consulting Group, esses comportamentos atuam como pilares da decisão e se entrelaçam, criando um ecossistema de influência contínua. O grande diferencial dos comportamentos 4S não está apenas em seu impacto individual, mas na maneira como coexistem e se alimentam em ciclos de descoberta, consideração e conversão.
Como os comportamentos 4S estão mudando o marketing
O marketing deixou de operar em estruturas lineares. Hoje, a jornada é multidirecional, contextual, emocional e impulsionada por algoritmos que organizam o fluxo de atenção, o que sustenta o conceito dos comportamentos 4S.
O consumidor responde a estímulos visuais intensos, a microformatos narrativos e a recomendações geradas por IA em tempo real. Essa mudança coloca as marcas diante de desafios inéditos: é necessário ser reconhecível em segundos, relevante em minutos e memorável por semanas.
Enquanto empresas presas ao funil tradicional lutam contra o aumento do custo por clique, marcas que compreendem os comportamentos 4S se beneficiam de uma dinâmica mais orgânica, em que atenção vira influência e influência vira conversão.
Streaming: consumo contínuo e narrativas episódicas
O streaming consolida uma experiência de aprofundamento. Plataformas como YouTube, Spotify, CTV e podcasts criaram um ambiente onde o consumidor acompanha histórias, retorna a formatos familiares e desenvolve preferência.
A recorrência fortalece autoridade: quando o público retorna voluntariamente, o marketing deixa de depender de interrupções e passa a exercer magnetismo.
Nesse contexto, a personalização habilitada por IA amplia o valor do conteúdo. Recomendação algorítmica cria caminhos para que o usuário avance por episódios, temas e perspectivas relacionadas.
Em vez de buscar, ele é guiado. Para as marcas, isso significa que conteúdos bem estruturados tornam-se ativos de longo prazo, capazes de construir confiança e formar comunidade.
Ao dominar o comportamento de streaming, a marca não apenas informa; ela acompanha a vida do consumidor.

Scrolling: descoberta instantânea e economia da atenção
O scrolling representa a dinâmica acelerada dos feeds infinitos, onde estímulos competem por milissegundos de atenção. Nesse ambiente, o consumidor descobre novos produtos não porque os procura, mas porque são apresentados de forma sensorialmente atraente. Imagem, ritmo e sonoridade compõem uma estética que influencia avaliações inconscientes.
Essa dinâmica contribui para formar preferências sutis, que emergem mais tarde como intenção de compra. Assim, o scrolling atua como primeira centelha da lembrança de marca. A ausência de presença consistente nesse contexto não apenas reduz visibilidade, mas elimina a chance de inserção cultural — fator decisivo para relevância orgânica.
Ao entender o scrolling como comportamento estratégico, empresas percebem que a atenção inicial é a semente de todas as conversões futuras.
Search: intenção explícita e multimodalidade
A busca evoluiu e se expandiu para além do campo textual. Hoje, consumidores utilizam comandos de voz, imagens capturadas por câmera, vídeos explicativos, conversas com IA e resenhas sociais para validar decisões. A pesquisa tornou-se multimodal, contextual e comparativa.
Nesse ambiente, aparecer apenas nas páginas tradicionais de busca é insuficiente. O consumidor busca confirmação, autoridade social e coerência. A marca que domina search em múltiplas plataformas torna-se referência. Essa presença não é apenas técnica; ela é semântica, narrativa e experiencial.
Com a ascensão dos modelos generativos, a busca passa a ser conversacional. A marca precisa estar preparada para responder como entidade, e não apenas como link.
Shopping: jornada distribuída, social e influenciada por IA
O ato da compra tornou-se um estado constante. Ela pode ocorrer em transmissões ao vivo, em comentários de vídeo, dentro de aplicativos sociais, durante a interação com uma IA e até mesmo dentro de experiências de streaming. Cada ponto de contato facilita ou interrompe o avanço natural da intenção.
A inteligência artificial atua como arquiteta da oferta, ajustando recomendações, preços, urgência e incentivo em tempo real. Quanto mais fluida a experiência, maior a probabilidade de conversão. Assim, o shopping deixa de ser uma etapa final e se torna um comportamento que pulsa continuamente junto ao consumo de conteúdo.
Recomendações baseadas em inteligência artificial, ofertas personalizadas e CTAs estratégicos podem ajudar a aumentar conversões em qualquer estágio da jornada.
Tendências que potencializam os comportamentos 4S
Nos próximos anos, veremos o crescimento de transmissões interativas em escala massiva, expansão do social commerce, agentes de IA executando compras autônomas, experiências de streaming com camadas narrativas dinâmicas e mecanismos de busca orientados por resposta generativa.
Cada uma dessas tendências amplifica os comportamentos 4S, consolidando-os como estrutura dominante da decisão digital.
Uma nova mentalidade de marketing
Os comportamentos 4S representam mais do que uma evolução técnica; eles traduzem uma mudança cognitiva da sociedade conectada. A atenção tornou-se fragmentada, a descoberta é acidental, a busca é contextual e a compra é distribuída. Para prosperar nesse ambiente, empresas precisam pensar em ecossistemas narrativos, integrar dados comportamentais, utilizar inteligência artificial para personalização e eliminar atritos da jornada.
Quando Streaming, Scrolling, Search e Shopping são compreendidos como engrenagens interdependentes, o marketing deixa de interromper e passa a orquestrar experiências.
O consumidor mudou.
As plataformas mudaram.
A lógica da atenção mudou.
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